Metástase Óssea: perguntas frequentes respondidas
Postado em: 23/06/2025
Receber um diagnóstico de câncer já é desafiador. Quando há suspeita ou confirmação de Metástase Óssea, é comum surgirem dúvidas sobre o impacto na mobilidade, nas opções de tratamento e no controle da doença.
No consultório, escuto com frequência perguntas como: “O câncer se espalhou?”, “Vou perder a função do membro?” ou “Ainda há tratamento eficaz?”
Como ortopedista com foco em oncologia ortopédica, meu papel é oferecer informações claras, baseadas em evidências, para que cada paciente saiba exatamente o que esperar e como agir.
Neste artigo, respondo as principais dúvidas sobre metástase óssea, abordando sintomas, diagnóstico, tratamentos disponíveis e a importância da avaliação especializada. Entenda como um cuidado direcionado pode fazer a diferença na qualidade de vida.
O que é metástase óssea?
A metástase óssea ocorre quando células de um câncer que teve início em outro órgão — como mama, próstata ou pulmão — se deslocam e se instalam nos ossos.
É importante destacar que isso é diferente de um tumor ósseo primário, que começa diretamente no osso. Trata-se de um tumor secundário, chamado também de “implante metastático”, que pode comprometer a estrutura óssea e provocar sintomas específicos.
Embora essa condição seja comum em estágios avançados de alguns tipos de câncer, não representa o fim das possibilidades terapêuticas. Hoje, contamos com recursos para controle dos sintomas, preservação funcional e melhoria da qualidade de vida.
Quais são os sintomas mais comuns?
O sintoma mais frequente da metástase óssea é a dor persistente e localizada, geralmente mais intensa à noite ou em repouso.
Esse desconforto tende a piorar progressivamente e não melhora com analgésicos comuns. Outros sinais que merecem atenção incluem:
- Fraturas espontâneas ou após traumas leves, indicando enfraquecimento do osso;
- Inchaço ou deformidade na região afetada;
- Diminuição da mobilidade ou perda de função do membro envolvido;
- Dormência, formigamento ou fraqueza muscular, especialmente em casos de compressão de estruturas nervosas;
- Alterações neurológicas, como perda de força nas pernas ou incontinência urinária, quando há compressão da medula espinhal.
É importante reforçar: em pacientes com histórico de câncer, qualquer dor óssea que persiste por mais de alguns dias deve ser investigada com atenção.
Como é feito o diagnóstico?
O processo diagnóstico da metástase óssea começa com uma avaliação clínica detalhada, considerando o histórico oncológico do paciente, sintomas atuais e exames prévios.
A partir disso, indico exames de imagem e, quando necessário, biópsias para confirmar a lesão e definir sua extensão. Os principais métodos diagnósticos incluem:
- Cintilografia óssea: avalia todo o esqueleto em busca de áreas com atividade anormal;
- PET-CT: combina tomografia e imagem metabólica para detectar focos de metástase nos ossos e em outros órgãos;
- Ressonância magnética: oferece alta resolução para áreas com possível compressão medular ou comprometimento neurológico;
- Tomografia computadorizada e raio-X: úteis para analisar detalhes estruturais do osso e guiar o planejamento cirúrgico;
- Biópsia óssea: realizada quando há dúvida sobre o diagnóstico ou quando precisamos confirmar o tipo celular e a origem do tumor.
A metástase óssea tem cura?
Na maioria dos casos, a metástase óssea não é considerada curável, mas tem tratamento. Com os avanços atuais em oncologia ortopédica, conseguimos:
- Controlar a dor com medicações e radioterapia;
- Prevenir fraturas por meio da estabilização óssea;
- Preservar a mobilidade e a autonomia;
- Manter a qualidade de vida.
Com o suporte adequado, é possível viver com funcionalidade e dignidade, mesmo após o diagnóstico.
Quais são os tratamentos disponíveis?
O tratamento da metástase óssea é sempre individualizado, levando em consideração o tipo de câncer primário, o número e localização das lesões ósseas, além do estado geral do paciente. As abordagens mais comuns incluem:
- Cirurgia ortopédica oncológica: indicada em quadros de fratura, risco iminente de quebra óssea, dor intensa ou perda funcional. Utilizo recursos como planejamento cirúrgico 3D, guias personalizadas e próteses sob medida para garantir máxima precisão e segurança;
- Radioterapia: recomendada no controle da dor e na contenção do tumor local, em regiões de difícil acesso cirúrgico;
- Bifosfonatos e denosumabe: medicamentos que ajudam a fortalecer os ossos e a prevenir novas lesões;
- Quimioterapia ou terapias-alvo: utilizadas para tratar o câncer de origem, controlando também a progressão das metástases;
- Fisioterapia oncológica precoce: essencial para preservar força muscular, melhorar a mobilidade e manter a independência funcional;
- Controle da dor: realizado com apoio da equipe de cuidados paliativos, quando necessário, garantindo conforto ao longo de todo o processo.
Esses tratamentos são combinados de acordo com as necessidades e objetivos de cada paciente.
Quando procurar um ortopedista oncológico?
A avaliação precoce com um ortopedista oncológico é essencial para garantir um plano terapêutico seguro e eficaz. Considere buscar atendimento especializado nas seguintes situações:
- Dor óssea persistente em pacientes com histórico de câncer, mesmo que de baixa intensidade;
- Fratura após trauma leve, sinal de possível osso fragilizado por metástase;
- Lesões suspeitas em exames de imagem, mesmo que assintomáticas;
- Suspeita de metástase óssea identificada pelo oncologista;
- Interesse em segunda opinião médica, em casos que envolvem risco funcional ou indicação cirúrgica.
Um cuidado atento para cada etapa da sua jornada
A metástase óssea exige não apenas conhecimento técnico, mas também escuta e empatia. Como especialista em oncologia ortopédica, meu compromisso é orientar você com clareza, segurança e respeito às suas prioridades.
Se você recebeu esse diagnóstico ou busca uma segunda opinião, agende uma consulta comigo. Estou à disposição para avaliar seu caso com atenção e indicar o melhor caminho de tratamento, sempre focado em preservar qualidade de vida e funcionalidade.
Dr. André Ferrari
Oncologia Ortopédica
CRM-SP: 124.892 | RQE: 68.641
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