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Osteossarcoma

O osteossarcoma é o tumor primário ósseo maligno mais frequente. Sua principal característica é a produção de um tecido ósseo chamado osteóide pelas células neoplásicas.

Acomete principalmente crianças e adolescentes, e tem predileção anatômica pelas metáfises dos ossos longos. O joelho (fêmur distal e tíbia proximal) são os locais mais afetados pelo osteossarcoma, seguidos pelo úmero proximal (região próxima do ombro). 

Os sintomas geralmente são dor e aumento de volume local, com início há poucos meses. A presença de derrame articular e de fratura patológica é relativamente rara, mas pode aumentar as chances de recidiva local pela disseminação celular neoplásica.

A radiografia simples ainda é o principal exame inicial. Nos osteossarcomas, ela mostra na maioria dos casos uma lesão osteoblástica (formadora de osteóide, vista no RX como uma massa esbranquiçada) que causa destruição óssea e invasão de parte moles (ou seja, para fora do osso). O aspecto do tumor na radiografia pode se alterar após a quimioterapia, tornando-se mais ossificado do que antes (mais esbranquiçado, mais opaco), algumas vezes com a falsa aparência de crescimento.

O exame de imagem essencial para o planejamento cirúrgico é a ressonância magnética. Ela que vai mostrar os limites precisos da lesão, assim como a sua relação com estruturas extraósseas (músculos, nervos, veias e artérias). Além disso, a ressonância magnética mostra a extensão intraóssea exata da lesão, o que é vital para o planejamento cirúrgico.

A tomografia computadorizada é imprescindível no rastreamento das metástases à distância, mais especificamente a tomografia dos pulmões, local preferencial das metástases dos osteossarcomas.

Assim como a tomografia dos pulmões, a cintilografia óssea também é um instrumento de rastreamento de metástases – neste caso, de metástases ósseas, as segundas mais frequentes nos osteossarcomas.

O PET-CT (positron emission tomography associado à tomografia computadorizada), muito útil em outras neoplasias malignas, ainda não tem utilidade cientificamente comprovada em osteossarcomas.

Os osteossarcomas podem ser classificados de acordo com o seu grau histológico. A maioria dos osteossarcomas são de alto grau histológico (grau III), mas existem alguns subtipos (mais raros) de baixo grau. Quanto maior o grau, maior o risco de metástases e pior o prognóstico.

O tratamento do osteossarcoma consiste basicamente em cirurgia e quimioterapia. A radioterapia não é utilizada rotineiramente; apenas em casos excepcionais onde a ressecção não é possível, mas então com caráter paliativo (diferentemente do sarcoma de Ewing, em que é possível obter cura apenas com quimioterapia e radioterapia, sem cirurgia, sem casos selecionados).

A quimioterapia pode ser administrada antes (neoadjuvante) ou após (adjuvante) a ressecção do tumor primário. Na maioria dos casos, ambas são realizadas – realiza-se cerca de 3 meses de quimioterapia, então há uma pausa para a cirurgia, e depois mais 3 meses de quimioterapia.

A cirurgia ainda é o principal método de tratamento do osteossarcoma. Sem a ressecção do tumor, a cura do paciente é praticamente impossível. A preservação do membro é realizada sempre que possível – e felizmente, atualmente, isso é possível na grande maioria dos casos. A necessidade de amputação do membro está se tornando cada vez mais rara. As reconstruções esqueléticas após ressecções de osteossarcomas são geralmente extensas e complexas.

Podemos reconstruir o defeito criado pela ressecção de maneira biológica ou não biológica. As reconstruções biológicas incluem os autoenxertos e os aloenxertos. Os auto enxertos mais utilizados são a fíbula, o ilíaco ou a clavícula. A vantagem do método é a boa taxa de integração (consolidação) e a excelente longevidade da reconstrução. As desvantagens são a quantidade insuficiente de material (o que muitas vezes ocorre pela magnitude das ressecções) e a falha criada do local doador.

Os aloenxertos são enxertos de banco de tecidos de doadores de órgãos. Tem a grande vantagem de disponibilidade (não apenas de quantidade, mas também de conseguirmos captar um osso com as mesmas dimensões do que será substituído), mas as taxas de complicação são maiores que quando usamos o autoenxerto.

As principais são infecção, pseudoartrose e fratura, e essa taxa pode chegar aos 30%.  Já as reconstruções não-biológicas são as próteses metálicas, chamadas também de endopróteses. Apresentam excelentes resultados, mas a longo prazo pode ocorrer desgaste dos componentes e soltura, requerendo revisões.  A taxa de infecção é em torno de 15%.