Crioablação em Tumores Ósseos: Uma Inovação na Ortopedia Oncológica
Postado em: 22/03/2024
      A Crioablação em Tumores Ósseos, também conhecida como crioterapia ou criocirurgia, é uma técnica minimamente invasiva que utiliza temperaturas extremamente baixas para destruir tecido patológico. Embora sua aplicação na medicina moderna pareça futurista, suas raízes remontam ao século XIX, quando foi inicialmente explorada para tratar lesões cutâneas.
Desde então, essa terapia evoluiu significativamente, expandindo-se para o tratamento de vários órgãos, incluindo próstata, fígado, rins e, mais recentemente, ossos.
A Evolução da Crioablação em Tumores Ósseos
Historicamente, a crioablação começou com o uso de compostos como o nitrogênio líquido para tratar lesões dermatológicas benignas e malignas. Com o avanço tecnológico, os dispositivos de crioablação tornaram-se mais sofisticados, permitindo um controle preciso da zona de ablação, minimizando os danos aos tecidos circundantes saudáveis.
Essa precisão foi um salto que pavimentou o caminho para aplicações em órgãos internos, onde a precisão é crucial para evitar complicações.
Como Funciona a Crioablação em Tumores Ósseos?
A crioablação é realizada utilizando sondas especiais, guiadas por técnicas de imagem, que são inseridas diretamente no tumor. Uma vez posicionadas, as sondas emitem gases extremamente frios, como o argônio, para resfriar rapidamente o tecido alvo a temperaturas extremamente baixas (até -150 graus Célcius).
Este processo de resfriamento extremo é mantido por um período que pode variar de alguns segundos a vários minutos, dependendo do tamanho e da localização do tumor, mas tipicamente dura cerca de 2 a 3 minutos (podendo alcançar até 10 minutos para tumores maiores) para cada ciclo de congelamento.
O congelamento provoca a formação de cristais de gelo intracelulares, que rompem as membranas das células, levando à morte celular. Após o primeiro ciclo, é realizado um intervalo de descongelamento antes de prosseguir com o segundo.
Essa repetição garante a ablação completa do tumor enquanto minimiza o risco para os tecidos circundantes.
A Crioablação na Ortopedia Oncológica
Na ortopedia, a “Crioablação em Tumores Ósseos” encontrou um terreno fértil para o tratamento de tumores benignos e alguns tipos de tumores malignos, onde opções de tratamento menos invasivas são preferíveis. Ela é particularmente eficaz em tumores como osteoma osteóide, osteoblastomas, tumores de células gigantes (TCG) e metástases ósseas resultantes de carcinomas, como hepatocarcinoma, câncer de pulmão ou de mama.
Este tratamento é valorizado por proporcionar alívio da dor e preservação da função, com um período de recuperação significativamente reduzido em comparação com as abordagens cirúrgicas convencionais.
Imagens Ilustrativas
1. Preparação do Procedimento:

2. Monitoramento do Procedimento

3. Foco no Equipamento

4. Execução do Procedimento:

5. Imagem Radiológica:

Caso Clínico: Crioablação em Schwannoma Intraósseo Sacral
Um jovem de 22 anos procurou atendimento por sentir dor na região posterior do quadril, que irradiava para o membro inferior direito. Exames de imagem, incluindo tomografia e ressonância magnética, revelaram um expressivo tumor lítico na asa sacral direita, ultrapassando a articulação sacro-ilíaca e estendendo-se para a porção posterior do osso ilíaco.
Diagnóstico e Desafio Clínico
Uma biópsia percutânea, orientada por tomografia computadorizada, identificou o tumor como um schwannoma intraósseo, uma condição notavelmente rara e benigna. A localização do tumor representava um desafio significativo devido ao risco de sequelas neurológicas associadas a procedimentos cirúrgicos na área, agravadas pela proximidade com o plexo lombo-sacral e os forames de S1 e S2.
Opções de Tratamento
As opções cirúrgicas tradicionais incluíam sacrectomia, com risco de instabilidade mecânica e déficit neurológico, e ressecção intralesional, que carregava o risco de deixar tumor residual e potencial dano ao plexo sacral.
Decisão pelo Tratamento com Crioablação em Tumores Ósseos
Decidiu-se pela crioablação como alternativa para maximizar a erradicação do tumor enquanto minimizava o risco para o paciente. O procedimento foi planejado com proteção das raízes sacrais por meio de irrigação contínua de soro fisiológico em temperatura ambiente, administrada através de agulhas inseridas nos forames sacrais.
Procedimento
Foram realizadas duas aplicações de crioablação, cada uma com dois ciclos de 8 minutos a -150°C, com intervalos de descongelamento de 5 minutos, cobrindo totalmente a área do tumor.
Resultado do Procedimento
Imediatamente após o procedimento, o paciente já em recuperação pós-anestésica, não apresentava déficits neurológicos, seja sensorial ou motor, e relatou a ausência de dor, indicando o sucesso do tratamento.
Imagens Ilustrativas do Caso Clínico
- Imagem tomográfica do tumor na asa sacral direita.
 

- Ilustração didática de uma sacrectomia.
 

- Biópsia guiada por tomografia computadorizada.
 

- Imagem da proteção das raízes sacrais durante o procedimento.
 

A Crioablação em Tumores Ósseos é uma modalidade promissora, que se pretende se desenvolver ainda mais. Esse é o assunto interessante quando falamos em avanços na Oncologia Ortopédica.
Esperamos que tenha gostado do conteúdo. Para ter informações sobre o trabalho do Dr. André Ferrari, você pode entrar em contato pelo WhatsApp!
Leia também
